domingo, 12 de agosto de 2012

O Espírito

Nada a fazer amor, eu sou do bando

Impermanente das aves friorentas;

E nos galhos dos anos desbotando

Já as folhas me ofuscam macilentas;


E vou com as andorinhas. Até quando?

À vida breve não perguntes: cruentas

Rugas me humilham. Não mais em estilo brando

Ave estroina serei em mãos sedentas.


Pensa-me eterna que o eterno gera

Quem na amada o conjura. Além, mais alto,

Em ileso beiral, aí espera:


Andorinha indemne ao sobressalto

Do tempo, núncia de perene primavera.

Confia. Eu sou romântica. Não falto.



Natália Correia, in "Poesia Completa"


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